Por Fernando Paternostro
Quando focamos nossa atenção em um ponto específico, sentimos como se tudo rodasse em torno daquele foco e escutamos isso em vários contextos diferentes, como quando uma grávida “só enxerga” outras grávidas pela rua. Agora imaginem essa sensação dentro do nosso mercado de cannabis brasileiro, que já é pequeno: você só enxerga esse assunto para todos os lados que olha. Pois essa tem sido a minha vida nos últimos 12 meses.
Nesse período, vi o nascer da cultura do esporte dentro da cannabis, que tive a honra de poder liderar ao criar o projeto do Atleta Cannabis e junto com o grupo de pessoas que enxergaram o que vi, criarmos a maior comunidade de cannabis e esporte do Brasil. Esse movimento me levou a conhecer todos os principais players de mercado, os laboratórios, as marcas de CBD, os veículos de mídia específicos, os pacientes, as associações, e todos que de alguma forma buscam contribuir para esse cenário e fazer parte desse momento na nossa história.
*** Podcast Maconhômetro Debate – Ep. 8: Cannabis no Esporte ***
Fui de coração aberto. Expliquei minha estratégia, fiz apresentações, calls, reuniões presenciais, sempre o mais profissional possível. Meu objetivo sempre foi muito claro: explicar que o mercado de cannabis no Brasil é muito maior que o mercado das patologias e que por mais que somente possamos navegar dentro de regras muito claras e específicas, ainda assim podemos propor inovação e diferentes pontos de vista que são validados pelos médicos e autorizados pelos órgãos responsáveis.
E foi aí que tive minha primeira grande constatação, que claramente é bem óbvia: o mercado é feito por pessoas que são orientadas por resultado, lucros e metas financeiras. E que surpresa a minha em descobrir que, mais uma vez, estamos a mercê de objetivos antiquados, rasos, e imediatistas. Até aí, tudo bem – não vou entrar numa de criticar o capitalismo – porém, preciso contar pra vocês que eu vi muita gente querendo colher sem plantar, o famoso “todo mundo quer gelo mas ninguém que encher a forminha de água”.
E que de forma bem clara e objetiva pode-se resumir no contraponto: o momento em que vivemos é de dar as mãos para atravessar a rua (frase assimilada do querido Alexandre Biasi). Isso quer dizer que todos os envolvidos precisam se ajudar para que o mercado amadureça de forma profissional, dentro da lei e com inovação. Tenho visto muita gente querendo se aproveitar do pouco que já foi criado, confundindo e criando ruído numa comunicação que é clara e até ingênua. Reforço: no mercado da cannabis, temos a oportunidade de criar algo nunca visto antes.
Um ecossistema que é ao mesmo tempo lucrativo, colaborativo e consistente. Somente assim vamos vencer as barreiras morais sobre esse assunto e quem sabe ensinar uma coisa ou outra para os mercados tradicionais.
Em breve vocês verão uma “segunda fase” do projeto Atleta Cannabis. Algo que minha equipe está trabalhando há mais de 12 meses, e que reflete nossa visão do mercado. Estamos sim trazendo uma solução voltada ao paciente, algo que visa empoderar as pessoas, levando conhecimento, educação e acesso para que nós brasileiros possamos encarar esse assunto de forma objetiva e começar o longo processo de normalizar a cannabis.
Ainda não vou abrir mais detalhes do projeto (eu sei, calma) porque quero que sintam o que eu senti quando vi outras pessoas me apoiando e validando a ideia: isso veio pra ficar, e levar o mercado da cannabis para um nível superior, profissional e internacional.
Vou contar essa história por aqui, acompanhem e me ajudem a criar, as portas estão abertas!
A era da cannabis chegou.