Maconhômetro Debate: Trump, Guerra às Drogas e os impactos para a América Latina

Debate reune especialistas e oferece uma aula sobre política internacional, drogas e direitos humanos
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Logo de início, o episódio contextualiza as recentes ameaças de Trump de usar a “guerra às drogas” como justificativa para intervenções militares, diplomáticas e econômicas na região.

A ofensiva contra a Venezuela, marcada pelo envio de navios de guerra ao Caribe e pela acusação de que Nicolás Maduro lideraria o chamado “Cartel de los Soles”, é o pano de fundo para uma análise mais ampla da geopolítica global.

“Nunca os Estados Unidos estiveram tão ameaçados quanto agora”, avalia Thiago Rodrigues, destacando o papel da China como novo ator comercial e político na região e apontando a guerra às drogas como cortina de fumaça para a manutenção da influência norte-americana.

Leonardo Pinho complementa, lembrando que essa postura já havia sido sinalizada em instâncias internacionais:

“Na 68ª reunião da Comissão de Drogas da ONU, Trump recolocou a guerra às drogas no centro da geopolítica, rompendo com a tradição do multilateralismo e revelando um isolamento dos EUA frente a países que defendem a redução de danos”.

Já Joana das Flores traz a perspectiva das rotas e dinâmicas de mercado, chamando atenção para o caráter estratégico da ofensiva norte-americana:

“Mais do que narcotráfico, o que está em jogo é o controle de rotas marítimas e áreas portuárias essenciais no escoamento global da cocaína. A Venezuela é um entreposto logístico central nessa disputa.”

Ao longo do episódio, os convidados exploram como a classificação de facções e cartéis como “organizações terroristas” abre espaço para a aplicação de legislações de exceção, que colocam países e atores políticos fora do Estado de Direito.

Também discutem o risco de retrocessos em políticas de drogas no Brasil e na região, sobretudo diante da força de interesses econômicos ligados ao proibicionismo, como as comunidades terapêuticas.

Apesar do tom de alerta, os debatedores apontam caminhos de resistência: do protagonismo latino-americano em espaços multilaterais, como a ONU, até iniciativas regionais de integração econômica que escapam da órbita norte-americana.

O debate, que se estende por mais de uma hora, funciona como uma verdadeira aula sobre política internacional, drogas e direitos humanos. Para quem busca compreender como a retórica proibicionista ainda é usada como ferramenta de poder e intervenção, este debate é uma escuta indispensável.


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O ep. Debate #43 | A Guerra às drogas de Trump na América Latina, com Joana das Flores, Leonardo Pinho e Thiago Rodrigues, contou com produção, roteiro e edição de Gustavo Maia (CM), e apresentação de Kya Mesquita (PBPD).


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