Teremos avanços em relação à Cannabis no país?

 

Por Denise Tamer

mujica e orsi

Yamandú Orsi, presidente eleito do Uruguai, e o ex-presidente Pede Mujica.
Foto: Movimiento de Participación Popular (MMP)

 

Após o segundo turno realizado ontem, o ex-professor de história Yamandú Orsi, também conhecido como “o herdeiro de Mujica”, conquistou a presidência do Uruguai. Representando a Frente Ampla, Orsi derrotou o candidato conservador Álvaro Delgado, apoiado pelo atual presidente Luis Lacalle Pou. E o setor da Cannabis no governo de La Calle não avançou muito e deixou a desejar. Recentemente, o panorama da indústria da planta no Uruguai foi descrita como uma bad trip: produtores e prestadores de serviço, como Aurora, Pharmin, Global Cannabis Holdings e Boreal, encerraram suas atividades no país vizinho.

A boa notícia é que a mudança de governo pode trazer novas perspectivas para a Cannabis no país que foi o pioneiro na legalização da planta. Primeiramente, a vitória da Frente Ampla significa uma ruptura com o conservadorismo. O que por si só mostra que novas portas podem se abrir.

Além disso, o nome de Yamandú Orsi foi imprescindível para os poucos avanços relacionados à Cannabis no Uruguai nos últimos anos. Como governador de Canelones, o principal estado produtor da planta, Orsi implementou políticas que facilitaram o desenvolvimento do setor. Sob sua liderança, marcas como a Goland conquistaram espaço no mercado, lançando produtos inovadores, entre eles alimentos à base de semente de cânhamo.

A atuação de Orsi foi marcada pela abertura do diálogo entre o governo e os empreendedores, o que possibilitou a identificação de desafios e oportunidades no setor. A sua experiência em Canelones, que abriga uma das principais plataformas de cultivo e produção de Cannabis do país, foi fundamental para criar um ambiente menos insalubre e mais favorável à inovação e ao investimento.

A vitória de Orsi na presidência pode sinalizar não apenas a continuidade desse caminho, mas também um fortalecimento das iniciativas voltadas para o avanço da indústria canábica, ampliando as perspectivas para a criação de novos produtos, serviços e, consequentemente, para o desenvolvimento econômico do Uruguai. É um momento decisivo que pode transformar o cenário canábico do país, a partir de uma abordagem mais progressista.

No geral, embora seja cedo, o setor da Cannabis no Uruguai vê com bons olhos a vitória de Orsi. Para Gai Borovich, da Extractos del Sur, será necessário esperar para ver quem estará à frente do Ministério da Saúde Pública e do IRCCA, instituto responsável pela regulação e controle da Cannabis. Porém, Gai defende que Orsi e sua equipe do governo de Canelones já têm laços estreitos com a indústria e um bom entendimento dos desafios e das necessidades do setor. E, portanto, esse diálogo será fundamental para a indústria da Cannabis no Uruguai.

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Montevidéu: uma nova Amsterdam na América Latina?

 

Antes da pandemia, em 2017, morei três meses em um hostel antes de alugar um apartamento em Montevidéu. Foram três meses em que a maioria das pessoas ali, turistas e empreendedores, acreditavam que Montevidéu tinha potencial para se tornar a Amsterdã da América Latina. E movimentar bilhões com o turismo canábico. Mas, o cenário seguiu igual e o país não vende Cannabis nas farmácias para turistas até hoje. Para comprar as flores é necessário um registro e a identidade, ou seja, é preciso ter como se fosse um RG para comprar flores no mercado regulado.  

Agora, em 2024, a mudança política pode marcar um novo início. Os próximos anos serão decisivos para o turismo canábico e para a reinvenção do país sobre a Cannabis.

Vamos ver o que os próximos cinco anos reservam. A torcida é para que seja um mandato com mais flores.

denise tamer
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